As compras do mês consumiram mais do que os salários dos consumidores no ano passado. Uma pesquisa da Apas (Associação Paulista de Supermercados) mostrou que o gasto médio dos paulistas nos supermercados foi de R$ 2.171, enquanto a renda média mensal ficou em R$ 2.146. Isso significa que, a cada mês, faltaram R$ 25 para fechar as compras.
De acordo com o estudo da associação, divulgado nesta segunda-feira (9), esta foi a primeira vez desde2006 que os gastos superaram a renda do mês. A pesquisa revelou que mais da metade das famílias (53% do total) tinham gastos superiores aos ganhos.
Em 2009, a renda foi de R$ 1.889, enquanto os gastos não passaram de R$ 1.863. Em 2008, os números estavam em R$ 1.558 e R$ 1.540, respectivamente.
Os motores dessa expansão e de descontrole financeiro foram as classes de renda mais baixa (D e E).
- As classes AB e C seguem o mesmo ritmo de crescimento. O maior movimento do mercado impulsionado pelas classes baixas, com aumento da frequência de compra consolidando um novo ciclo de crescimento.
O estudo revelou que, em 2010, o gasto das famílias das classes D e E aumentou 14% em relação a 2009. Enquanto isso, os grupos de renda alta e média aumentaram o consumo entre 10% e 13%.
No ano passado, o faturamento das empresas do setor somou R$ 201,6 bilhões. O número é 13,9% maior do que em 2009, quando o setor movimentou R$ 117 bilhões. Desconsiderando a inflação, esse avanço é de 7,5% - o maior desde 1990.
João Galassi, presidente da entidade, diz que a baixa renda se caracteriza por buscar produtos de tanta qualidade quanto os consumidores de outros grupos. O aumento da renda expandiu o poder de compra e proporcionou a compra de bens antes não adquiridos por parcela importante das classes mais baixas.
- O cliente quer se presentear com produtos de qualidade, diferentes. Ele não quer apenas um xampu, mas sim um produto que valorize sua beleza, que propicie novas experiências.
A expectativa da Apas é de que o faturamento em 2011 tenha um crescimento real de 4% ante 2010. A associação prevê também que o poder de compra das famílias aumentará em 2011.
Foram ouvidos 8.200 lares entre 46 milhões de residências de cidades com mais de 10 mil habitantes.