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FESTIVAL DE INVERNO DE BONITO (MS)

BONITO: Milton Nascimento faz do show um desabafo coletivo pelas causas sociais e emociona público

Milton Nascimento faz do show um desabafo coletivo pelas causas sociais e emociona público

29 Jul 2018 - 16h02Por Sílvio Andrade - Fotos: Eduardo Medeiros

Bonito (MS) – A passagem de Milton Nascimento pelo palco do Festival de Inverno de Bonito, na noite deste sábado, marcou dos momentos mais expressivos de todas as edições do evento realizado pelo Governo do Estado. Foi um show apoteótico, desses que se espera nunca fechar a cortina para se continuar sonhando, se sentindo de alma lavada. Suas músicas e seus posicionamentos políticos soaram como um grito de esperança, tudo que se queria ouvir. Foi um desabafo coletivo.

“O Bituca é sempre assim, surpreendente, incrivelmente surpreendente”, afirmou ao final do show de quase duas horas o baterista Lincoln Cheib, que trabalha com o cantor mineiro há 24 anos. O repertório de Semente da Terra, o show, foi montado por Danilo Nuha, sem assessor de imprensa, com clássicos que denotam conotações políticas e sociais, onde o compositor assume seu engajamento pela luta indígena, em especial às ameaças ao povo guarani-kaiowá.

Momentos de emoção

O nome do espetáculo montado no ano passado, que também marcou a volta de Milton Nascimento aos palcos depois de quase um ano, tem a ver com o batismo do cantor durante encontro com 37 lideranças espirituais indígenas da tribo de Mato Grosso do Sul, em 2010, em Campo Grande. Milton recebeu o nome de “Ana Nheyayru Ivi Yvy Renhoi”, que significa, segundo o idioma da nação guarani-kaiowá, a “ Semente Ancestral que Germina na Terra”.

Sua relação com os índios é antiga e gerou até um disco, Txai (1990), em apoio a Aliança dos Povos da Floresta. E, coincidência ou não, é uma descendente indígena, a cantora mineira Barbara Barcellos, quem solta a bela voz na abertura do show em Travessia (Milton Nascimento e Fernando Brant, 1967) antes da entrada triunfal do cantor em cena. O público presença na Praça da Liberdade, no circuito do FIB, aplaude de pé, e canta com ele um de seus maiores sucessos.

“É um show inspirado nos índios garani-kaiowá”, diz Milton, ao falar do seu batismo. O espetáculo ilustra a vitalidade impressionante de quem, aos 75 anos, enfrenta problemas de saúde que o tiraram dos palcos entre 2014 e 2015. A cada interpretação, o público ovaciona, canta e se emociona, à espera da próxima canção – Encontro e Despedidas, Cio da Terra, San Vicent, Milagre dos Peixes, Sentinela, Sueno Com Serpientes, Nos Bailes da Vida… Como o enredo de filme de magia, interminável.

Discos, amores, sonhos

O cantor dedica Coração de Estudante a Marielle Franco, vereadora assassinada no Rio de Janeiro, e canta um pedaço de Canção da América no violão para falar dos amigos que cultivou ao longo da vida, e do significado da amizade, como Agustinho Sales, Wagner Tizo, Caetano, Chico, Gilberto Gil, Mercedes Sosa, Elis Regina. “Amigos também de palco e na plateia, dedico essa música a vocês”, falou ao público. Na sequência, deu um “viva” a Naná Vasconcelos e interpretou Lágrimas do Sul.

A letra da música fala da segregação racial na África do Sul: “Grade e escravidão/A vergonha dia a dia/E o vento do teu Sul/É semente de outra história/Que já se repetiu”. Milton se declara, sob aplausos: “Queremos viver sem apartheid no mundo, e principalmente em nosso País”. O vento sul aumenta a sensação térmica e o cantor pede um casaco, confortável em seu banquinho, soltando a voz em Clube 2, Canção do Sal e Maria, Maria, fechando um bloco de 18 músicas.

Repertório este, segundo ele, que sintetiza todo o seu trabalho e, principalmente, as canções que se tornaram antológicas. “Todo mundo me pergunta quando vou comemorar os 50 anos de Travessia e os 45 anos do Clube da Esquina. Está tudo aqui, representando Bonito, Campo Grande, Minas, São Paulo, todo o Brasil. Estão os discos, os amores, as lutas e, principalmente, os sonhos”, comentou.

Despedida triufante

Quando as cortinas se fecharam, com o público cantando de pé Maria, Maria, o cantor atendeu a “bis” e fechou o espetáculo em grande estilo com A Lua Girou, Canção da América, Nada Será Como Antes e Caxangá. Momentos de consagração. Milton volta a falar dos garani-kaiouwá, lembra do assassinato de Marçal de Souza e das minorias do Brasil. Pede para o público ficar de pé novamente e ensaia uma coreografia em Canção da América. “Viva Deus!”, grita de braços abertos, sob aplausos.

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