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ENTREVISTA - GRAZIELLE MACHADO

Grazielle fala da força da mulher na política, das dificuldades e do novo desafio a partir de 2015

12 Out 2014 - 12h20Por Valquíria Oriqui / JORNAL A CRÍTICA

Com quase 40 mil votos, a herdeira de Londres Machado, uma das principais lideranças políticas no Estado, entre as mulheres, foi a campeã de votos na disputa por vaga na Assembleia Legislativa.

Fã da poesia de Cecília Meireles, Grazielle usa versos da poetisa mineira para definir sua experiência eleitoral de âmbito regional. “Aprendi com as primaveras a deixar me cortar para voltar sempre inteira”.

Em entrevista exclusiva para o Jornal A Crítica, a vereadora se define como uma pessoa simples, familiar e dinâmica. Figura pública desde o seu nascimento, filha de Londres Machado, que disputa uma vaga como vice-governador de Mato Grosso do Sul, aos 23 anos entrou para a Câmara dos Vereadores e segue conquistando cada vez mais seu espaço na política sul-mato-grossense.

A Crítica - Quem é Grazielle Machado?

Grazielle Machado - Grazielle Machado é uma pessoa muito simples, mais família, gosta de ficar em casa, muito ligada a igreja, dinâmica que tenta se desdobrar entre ser uma boa política, uma boa mãe e uma boa esposa. Tento viver uma vida normal, mas já nasci numa vida pública. Nunca vivi uma vida diferente disso. Apesar de ser pública tento viver minha vida de forma simples, na simplicidade que eu posso viver.   

A Crítica - Única vereadora de Campo Grande que conseguiu se eleger como deputada estadual e teve a terceira maior votação com 39.374 votos. O que a população pode esperar da Deputada Estadual?

Grazielle Machado – Durante estes 10 anos de vida pública eu tentei imprimir uma identidade. Eu tive que primeiro quebrar o paradigma de ser somente a filha do Londres e criar meu brilho próprio e minha identidade. No último ano, em 2013 eu pude mostrar muito a população campo-grandense, à frente da presidência da Comissão de Orçamento e Finanças, onde fui a primeira mulher a presidir essa Comissão, na história de Campo Grande, que eu poderia ter garra, expressão, força e voz. A mulher carrega muito consigo a questão da sensibilidade, mas também tem a firmeza e a força dos posicionamentos. Então, Mato Grosso do Sul pode esperar uma deputada de posição.  

A Crítica - Acabamos de eleger a segunda senadora, a senhora acredita que o número de mulheres pode aumentar tanto na Câmara como na Assembleia?

Grazielle Machado – Acredito que o caminho está sendo trilhado. Tivemos desbravadoras para isso. Agora temos um aumento de cadeira de mulheres na Assembleia, temos uma senadora, e isso fortalece até a questão emocional para que as mulheres possam se engajar na política. 

A Crítica  - Ao que a senhora atribui um quadro escasso de mulheres na política sul-mato-grossense?

Grazielle Machado – Primeiro falta de apoio. Apoio político. E também tem a questão familiar. Para a mulher não é fácil, você tem que se desdobrar. Enquanto o homem político tem a  mulher que te dá o alicerce dentro de casa, cuidando dos filhos, a mulher política tem que exercer seu papel público político e ela continua se desdobrando no seu papel de cuidar de filhos, do esposo, se desdobrando na questão familiar. Então para a mulher é um papel duplo. E isso dificulta a participação da mulher na política.   

A Crítica – Uma pessoa jovem e tamanha responsabilidade, como a senhora administra essa função?

Grazielle Machado – Apesar de ser jovem eu assumo um lar político. Eu vivenciei muito essa questão das decisões políticas. A experiência que a Câmara dos Vereadores me deu sendo veterana, passando por quase todas as Comissões, presidindo importantes Comissões, estando num processo importante como foi o da cassação, me deu uma bagagem política. Essa experiência que me foi dada sobressai a questão da minha juventude. Eu adquiri essa experiência durante minha juventude. Entrei com 23 anos na Câmara Municipal e ao longo destes anos, através dos ensinamentos do deputado Londres Machado, que claro, como meu pai me instrui bastante, mas a experiência, a vivência e a prática da política diária me fizeram ter essa experiência que sobressai a juventude.     

A Crítica - A senhora vai seguir a mesma linha que seu pai?

Grazielle Machado – Eu sou muito do embate. Eu sou mais do posicionamento, de tribuna, das discussões. Meu pai é mais conciliador. É conhecido como conciliador. Eu acho e acredito que nós vivemos um momento em que o político não pode ser frio, ele tem que ser quente e ter posição. As pessoas não querem político nem de base nem de oposição, elas querem políticos de posição.

A Crítica – No que seu pai, Londres Machado, te influencia e influenciou?

Grazielle Machado – Principalmente na questão do relacionamento político. Da questão da convivência entre os políticos, de ter bom relacionamento entre as instituições, isso é muito importante para o político. Da questão de você ter uma boa relação não só com o executivomas com o Ministério Público, respeito ao Tribunal de Contas, respeito aos próprios colegas. Na Câmara Municipal graças a Deus nós conseguimos adquirir um respeito dos vereadores. Isso tudo veio de ensinamento. Durante todos esses anos Londres traz consigo muitos companheiros, principalmente dentro da política. Todos o respeitam, principalmente porque ele respeita o outro. E acho que falta isso dentro da política. E isso eu trago do meu pai.      

A Crítica  – A senhora sente que sofre comparações e uma cobrança maior por ser filha de Londres Machado?

Grazielle Machado – Atualmente não mais. Mas no passado já sofri demais. No primeiro ano de mandato foi muito difícil. As pessoas esperavam que eu tivesse a mesma característica que ele. E aos poucos eu fui imprimindo a política Grazielle. Eu sou muito mais do empate e acredito que ser filha do Londres ainda mesa. O Machado ainda pesa no meu nome. Mas acredito que a Grazielle já conseguiu o seu brilho próprio e se sobressair. E a nossa votação mostrou isso. Eu consegui ter uma votação maior do que do meu pai, sem o apoio físico do meu pai. Pois, ele sendo vice-governador eu não podia tê-lo caminhando ao meu lado. Então eu tive que carregar o Machado, mas a Grazielle teve que caminhar sozinha.  

A Crítica – Quais são seus projetos frente à Assembleia Legislativa?

Grazielle Machado – Vamos carregar a bandeira da mulher sempre. Das crianças. Vamos lutar muito na questão da segurança pública das fronteiras. Da questão dos indígenas, onde nós tivemos uma expressiva votação. Percorremos as aldeias e vimos de perto a questão dos índios. Vamos batalhar para o próximo governo já no primeiro semestre fazer uma pesquisa qualitativa para descobrirmos a vocação dos municípios. Muitos municípios, principalmente do norte e do sul do estado não têm ainda a vocação do seu município, diferente da região sudoeste por exemplo. Nosso estado é novo, nós precisamos, para determinar a vocação de cada município, precisamos ter em mãos um estudo técnico, para que possamos trazer indústrias, qualificar os jovens. Fazer o que foi feito em Três Lagoas, que é um município que trás muitas indústrias. Precisamos trazer para cada município essa descoberta de vocação.   

A Crítica - O que a senhora pretende fazer, resumidamente, nas áreas da educação, cultura, esporte e saúde?

Grazielle Machado – Vamos trabalhar primeiramente junto ao governo pela saúde descentralizada. Percorremos todos os municípios de Mato Grosso do Sul e vimos de perto que a saúde está um caos. Dourados e Campo Grande estão muito sobrecarregados. Muito deles não tem estrutura para atender. Por exemplo, Naviraí é um município que atende o Conesul, porém, não tem nem uma UTI. Precisamos rever essa questão. Educação: Nós precisamos valorizar os nossos professores da educação estadual. Precisamos aumentar os convênios para que possamos estar estruturando e qualificando-os em pós-graduação, mestrado, para que possam estar preparados não só para educar melhor mas para que tenham um salário melhor. Precisamos estar junto com Delcídio. A educação da escola integral, onde entra a cultura, uma segunda língua. Cultura não é somente show na praça, cultura vai além disso, cultura é teatro, é vídeo, livro. Vai além da música. Não desvalorizando a nossa música, mas querendo valorizar o folclore e a cultura de raiz, a cultura que está esquecida. Esporte laser e educação serão também movimentos fortes de debate no nosso mandato.     

A Crítica – Qual partido a senhora vai apoiar para governador do Estado?

Grazielle Machado – Partido da República está com Delcídio do Amaral  como vice Londres Machado.

A Crítica - Qual a possibilidade da senhora assumir alguma secretaria, como a da Mulher, por exemplo?

Gazielle Machado – Nenhuma. Mato Grosso do Sul me escolheu para ser deputada.

A Crítica - A senhora acredita que recebeu bastante voto das mulheres?

Grazielle Machado – Eu acredito que eu tive muito voto das mulheres. Gostaria, mas não tenho como saber. Até por conta da participação na campanha, nas reuniões, nas andanças, eu acho que passou a época onde mulher não votava em mulher. Antigamente era assim, existia até uma competição, hoje em dia mudou, as mulheres têm orgulho de ver a outra naquele posto a representando, porque sabe que não é fácil chegar até lá.    

A Crítica – Gostaria de deixar um recado para a população?

Grazielle Machado – Nós vamos fazer um mandato de excelência. Os sul-mato-grossenses irão se surpreender com o mandato de Grazielle Machado. Nós estaremos usando da nossa voz, usando do peso que Mato Grosso do Sul nos deu, da responsabilidade de ser a primeira mulher a  ser levada a Assembleia Legislativa com essa expressiva votação, o que nos aumenta a responsabilidade de estar representando e estar mais perto das pessoas. As pessoas precisam de políticos que estejam mais perto. Que os conheçam que gostem de gente e que conheçam o problema local. Não vamos fazer um mandato somente de gabinete, vamos fazer um mandato próximo aos municípios. Serei uma deputada municipalista. Não vamos esquecer nossas raízes, os municípios que nos trouxeram com uma votação expressiva dos quatro cantos do estado. Não vamos esquecer dos municípios. Vai ter uma deputada de garra de valor e principalmente honrando cada voto que nós tivemos, mas principalmente jamais esquecendo a história que o Londres Machado construiu. 

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